quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Querido Zézim,

Estou vendo o sol no céu de Sampa escaldante ao meio-dia através de uma vidraça fumê de muito mau gosto num edifício qualquer de uns trinta andares. O céu, já em escala de cinza, fica ainda mais carregado e o ar já não é o natural, aqui dentro, é con-di-ci-o-na-do.
Quanto as pessoas, se olho superficialmente, aparentam genuíno interesse em suas tarefas diárias, mas, feita análise fria, estão infelizes, Zé.
Meio-dia-e-meio. O sol no céu de Sampa escaldante e dentro deste véu fumê a esperança parece extinguir.
Estou assustada, Zé. Assustada de cair na mesmice e me tornar indiferente ao sol de anunciação de Verão. Sinto por essas almas vazias de repartição de sonhos perdidos, mas é importante sorrir - não porque elas agora me sorriem, mas porque, talvez, um sorriso que ainda reflete juventude e noites bem dormidas possa fazer algo por elas. Algo que o sol no céu de Sampa não fará.

Com amor,
Natalia.